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Casas de Religiões de Matriz Africana

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Anderson Machado

         Dentro do Estado do Rio Grande do Sul, pode-se perceber a influência da cultura de matriz africana nas três maio-res vertentes de religiosidade sendo elas: o Batuque, a Umbanda e a linha Cruzada. Assim o primeiro é considerado o mais complexo pois estabelece uma relação direta aos povos Iorubás, ele é destinado somente aos cultos dos Orixás. Estas são divindades africanas, e sua variação tanto em sua quantidade como nomenclaturas é dado a nação que o terreiro corresponde, podendo ser Jejê. Nagô, Cambinda, Ijexá e Oyó. Também há em solo gaúcho uma forte participação do Candomblé. Já a Umbanda é uma religião totalmente brasileira e corresponde aos guias espirituais, sendo eles os Caboclos, Pretos Velhos, Ciganos, Marinheiros e Cosmes. E a linha Cruzada corresponde a inserção do povo de rua, exús e pombagiras, dentro da Umbanda. Todos esses segmentos são comuns de se encontrar dentro do mesmo espaço, na mesma casa, coabitando em harmonia.

       Em Jaguarão, município localizado no extremo sul do Rio Grande do Sul que faz fronteira com Uruguai, fortes características estão sendo preservadas com a passagem do tempo, bem como a presença efetiva do povo negro neste território. Essas características são visíveis pelo seu traço cultural que permeia nos centros de cultos Afro-religiosos, onde encontra-se sua ancestralidade dentro de seus ritos, comidas, vestes e oralidade.

          A religião é tida como uma cultura, onde seus saberes e ensinamentos são essencialmente transmitidos através da oralidade e essa troca se dá entre os mais velhos para com os mais novos, logo dos que são mais velhos dentro deste campo para aqueles mais novos dentro da casa de santo. Assim podendo então reafirmar que a oralidade é a maior base para a construção destes espaços culturais, os terreiros.

          Um ponto de grande referência na cidade é o Ylê Axé de Mãe Nice de Xangô, onde além de praticar o segmento do Candomblé pratica a Umbanda. Situada na rua Claudino Echevenguá nº 320, um pouco afastada do centro da cidade. Este espaço além de ser um local de resistência e sociabilidade do povo negro, também se remete a ancestralidade de negras e negros que vieram habitar essa região e deixaram o seu legado religioso que perpassa por gerações. Existem diferentes casas de religião espalhadas pelos diversos bairros da cidade, e chama a atenção a cidade de Jaguarão contar com uma grande representatividade de números de espaços de culto afro-religioso, destacando-se nisto em âmbito do Estado.

           O encontro de Mãe Nice com o Seu Pai de Santo se deu através das relações de sociabilidade e de família no terreiro. O Pai Nilo de Xangô foi o responsável por cuidar da parte espiritual de Mãe Nice, e atender a necessidade dela em alimentar o seu Ori¹. Outros territórios, vinculados ao sagrado, também são importantes e reconhecidos adeptos das religiões de Matriz Africana, como por exemplo a beira do Rio Jaguarão e o culto às divindades vinculadas às águas, e também o Cerro da Pólvora, mais especificamente a pedreira que está localizado neste bairro, que é utilizada nas entregas de oferendas ao Orixá Xangô. Orixá que representa a Justiça, sendo a sua maior virtude.

         Há também festividades da Umbanda, tradicionais na cidade, que são contempladas por toda a comunidade de Jaguarão, como a Procissão de Ogum, realizada anualmente no dia 23 de abril. Ogum é o Orixá guerreiro, responsável por toda a tecnologia, e representado no sincretismo na imagem de São Jorge. Esta festividade é realizada no formato de uma procissão que percorre as principais ruas da cidade, onde são levadas as referências culturais de matriz africana em forma de cânticos referente a este Orixá.

¹ Ori é o nome dado a cabeça, espaço onde na crença africana fica a sua ligação direta ao Orixá que te guia.

Referências

CORRÊA, Nelson Luís. Experiências e sensações: um estudo de caso em um terreiro de Candomblé Angola na cidade de Jaguarão. Jaguarão: Universidade Federal do Pampa, 2017. (Trabalho de Conclusão de Curso).

OLIVEIRA, Vinicius Pereira de; GOMES, Denis Pereira; SCHERER, Jovani de Souza. Histórias de batuques e batuqueiros: Rio Grande, Pelotas e Porto Alegre . Pelotas: Ed. dos Autores, 2021.

 

TAVARES, Leandro Mateus de Almeida. Afrotur: proposta de um roteiro étnico-religioso no município de Jaguarão/RS. Jaguarão: Universidade Federal do Pampa, 2017. (Trabalho de Conclusão de Curso).

CONTATO

R. Conselheiro Diana, 650.

Jaguarão - RS, 96300-000

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